APICCAPSAPICCAPSAPICCAPS
Facebook Portuguese Shoes APICCAPSYoutube Portuguese ShoesAPICCAPS

Era uma vez na América

Era uma vez na América

14 Abr, 2025

Anúncio das novas tarifas recíprocas pode ter um impacto de 0,6% do PIB na UE até 2027


O anúncio de novas “tarifas recíprocas” globais anunciadas por Donald Trump, e todas as medidas que se associaram, deixaram o mundo dos negócios, literalmente, «à beira de um ataque de nervos». A Comissão Europeia estima que impacto das tarifas possa atingir 0,6% do PIB na UE até 2027.

Nesta nova ordem económica mundial, ainda que esteja um vigor atualmente uma suspensão de 90 dias, os produtos europeus - como o calçado - deverão ser taxados em 20%. Já a guerra comercial com a China tem vindo a escalar, com penalizações nesta altura superiores a 100%.

“Do ponto de vista do princípio, rejeitamos medidas protecionistas. Pelo contrário, somos sempre favoráveis ao comércio livre, justo e equilibrado”, considera Luis Onofre. Para ao Presidente da APICCAPS “o setor português do calçado não vai desistir do mercado”. Hoje, continuou, “estamos melhor preparados  para abordar ao mercado norte-americano, nomeadamente na sequência dos investimentos em curso nas áreas da automação e sustentabilidade”. Ainda assim, o momento é de prudência. “É muito difícil antecipar cenários”, lamenta.

Do ponto de vista estratégico, recordou Luís Onofre, “atendendo que os meios ao nosso dispor não são ilimitados, o esforço de promoção internacional exige uma eficiente aplicação de recursos”. Por esse motivo, no âmbito do Plano Estratégico do Cluster do Calçado 2030 selecionamos 145 cidades prioritárias, 30% das quais nos EUA. “Entre as economias avançadas, os EUA são o país que oferece melhores perspetivas”.


No pano imediato, considera Vasco Rodrigues, da Universidade Católica do Porto, “estas tarifas implicam que o calçado importado vá ficar mais caro, o que vai desincentivar o consumo”. Considerando a diferença entre as tarifas aplicadas ao calçado proveniente de diferentes países, “esta decisão constitui uma oportunidade para reforçar a quota de mercado do calçado português nos EUA”, sublinha. O responsável do Gabinete de Estudos de Gestão e Economia Aplicada da Universidade Católica do Porto realça, no entanto, que importa perceber "o impacto noutros mercados”. “Com dificuldades acrescidas de acesso ao mercado americano, os produtores chineses vão certamente reforçar os esforços de penetração no mercado europeu e noutras geografias. Os produtores portugueses têm de se preparar para um acréscimo da concorrência nos seus mercados tradicionais”, sublinhou.


O peso do mercado
americano
 

De acordo com o World Footwear Yearbook, os EUA são o maior mercado mundial de calçado. Anualmente, importam mais de 1986 milhões de pares de calçado, em valores próximos dos 26 mil milhões de dólares. A China é tradicionalmente o maior fornecedor do mercado, com uma quota próxima dos 60% (o equivalente a 1200 milhões de pares), seguida de Vietname (quota de 23% referente a 461 milhões de pares) e Indonésia (quota de 6% alusivos a 129 milhões de pares em 2023).
 
Para Portugal, os EUA são um mercado estratégico, perfilando-se atualmente como o 6º mercado de destino das suas exportações. Na última década, as exportações portuguesas para os “states” duplicaram, atingindo valores próximos dos 100 milhões de euros no final de 2024. “Ainda que já exportemos mais de 90% da produção para 170 países, consideramos o mercado norte-americano estratégico e a grande aposta da indústria portuguesa de calçado para a próxima década”, considera o Presidente da APICCAPS.
 



Partilhar:

Últimas Notícias